segunda-feira, julho 05, 2010

Verão (Que Vale a Pena)

Começou a longa saga da vida dura de Verão, acompanhada por longas dissertações metafísicas e deslocações à Costa em busca da melhor esplanada, da melhor música para o pôr-do-sol, da melhor sangria de frutos vermelhos e dos melhores petiscos. Coisas muito difíceis, portanto.

quarta-feira, junho 30, 2010

Pina Bausch, ainda

Algures no segundo ano da faculdade, uma qualquer alminha do ilustre corpo docente decidiu- realizar um conjunto de encontros que divulgavam a psicologia na arte. Não me lembro do programa. Nessa altura, antes do In Therapy, deve ter havido uma bela resenha de filmes clássicos e... uma conferência de psicologia na dança.
Lembro-me como se fosse hoje de ter ouvido falar de Pina Bausch a primeira vez. Lembro-me do entusiasmo da Margarida Pedroso Lima, uma daquelas professoras porreiras que se tem, que dançava, tinha namorados giros que a vinham buscar à porta do anfiteatro e fazia yoga, falar dela. Gostei de Pina Bausch logo ali, aos vinte-e-muito-poucos, sentada nas cadeiras laranja sarrafadas.
Vi os videos, pesquisei com empenho a dor e o desespero que levaram à criação do Café Müller, aprendi algumas coisas de dança moderna, de dança clássica e de dança de coisa nenhuma e determinei que iria vê-la quando viesse a Portugal. Custasse o que custasse.

Alguns anos depois, Pina voltou uma primeira vez ao Teatro Camões. Não consegui bilhetes e tive um desgosto tremendo.

No ano seguinte, em virtude das reclamações ligadas à compra de bilhetes no ano anterior, decidiu o teatro São Luís avisar com antecedência em que dia seriam postos os bilhetes à venda. Eu soube deles num Domingo à noite. Vivia em Caldas da Rainha e supliquei a um amigo lisboeta que os fosse buscar à FNAC, histérica e a pedinchar como poucas vezes. Os bilhetes Pina Bausch vieram.

Vi a companhia dela no CCB, e o espampanante Masurka Fogo.
Mas sobretudo, vi-a no São Luís e vi coisas que aos vinte-e-poucos não teria visto. Chorei muito e devo ter sentido das maiores emoções da vida - assim uma emoção esquisita, que não sei explicar. Não foi só vê-la dançar, tão magra e frágil e de cabelo tão pesado e comprido, copiando os movimentos da primeira bailarina, tão mais nova, tão mais forte, a lembrar-nos que envelhecemos, que o tempo passa e que, velhinhos, já não poderemos tanto movimento. Foi sobretudo, a repetida queda e fraqueza do amor, não obstante a força dos bailarinos a agarrarem-se. Amor impossível, amor que se parte e quebra sempre, amor que nunca ganha, coisas de que só suspeitam os mais crescidos.

Alguns meses depois ela morreu. Faz hoje um ano. Não é que eu já não soubesse (e como!) que pessoas morrem, mas uma parte de mim está ainda agarrada à cadeira do São Luiz, a vê-la dançar, magra e frágil, lá ao fundo.

quarta-feira, junho 23, 2010

Dúvidas Existenciais (I)

Gosto mais de malas Prada ou de bolos?

Saudades

E, depois do post da Flecha, fiquei com saudades de escrever por aqui. Vou escrever mais coisas por cá.

terça-feira, junho 22, 2010

Flecha

Quando a conheci, numa sala pequena que dava para o jardim da AAC, vinha como provavelmente a vimos, vemos e veremos sempre: com uma resma de gente amiga atrás. Eu tinha, e isto também me parece razoavelmente consistente, um par de sapatos estranho, colorido e de salto alto.
Ela e os outros disseram coisas simples mas bem ditas (less is more) e eu, e isto também me parece tão plausível e consistente comigo, terei dito muitas vezes «ai tão fofo» com um sotaque que só tive nessa altura e que partilhava com mais duas, que hoje também já falam à séria, mas ainda falarão sem dificuldade em bombeirético.

Acho que nunca chorei ao pé dela, mas a Carla esteve lá em tantos momentos da minha vida.

Esteve lá naquelas férias na ilha da Armona, quando eu ainda não comia marisco (e não, ainda não bebo Super Bock não-sei-quê), quando conduzi o Pedrito Olhão e molhei as pessoas todas, quando andámos nos baloiços do parque infantil e trocámos os candeeiros solares do quintal de um senhor. Fez comigo e com a Elsa aquela viagem de muitas horas atrás de camiões com tomates, que os iam deixando cair debaixo do sol abrasador e fomos na Gaja Boa, que é da cor dos tomates (literalmente).

Esteve lá em Barcelona, quando apanhámos sol na praia ou quando subimos à Sagrada Família, e assou o peixe que comemos ao jantar e tirou muitas fotografias e entendeu que eu preferisse morrer a tirar os sapatos para descer na manga de plástico se o avião caísse.

Esteve lá no dia das boas-ideias-simples e pintou pessoas grandes e pequenas com digitinta com muito nível e almoçou nas Amarelas comigo e com outras pessoas, organizou a sua equipa e eles cuidaram dos cachopos. Nesse dia, eu estava ansiosa, mas correu tudo bem.

Passou comigo um fim-de-semana em Lisboa quando a minha casa era manhosa, manda-me coisas de gatos (aliás, gosta de gatos!) ou de decoração, sabe fazer quase todo o bricolage do mundo (sou como a mãe dela: acho que, a ser preciso, a Carla saberia ladrilhar paredes com azulejo), tem ideias giras e dá-me sempre presentes que me fazem chorar porque são só-para-mim. Já lhe dei um cacto. Já me plotou um cartaz que dizia nandinho-bláblá, no tempo em que eu nem sabia o que era uma plotter.Já me descansou muitas vezes quando eu estava imersa em dramas pequenos, chama-me nêspera e manda-me beijos no caroço na maioria dos casos. Ao pé dela, sinto-me não uma nêspera, mas um nabo na cozinha ou no desenho e ainda assim, gosto sempre dela e tenho sempre saudades, mesmo quando não me atende o telefone.

Não saberia nunca definir a Carla em poucas palavras. Podia dizer coisas parvas (é tão porreira), coisas lamechas (será provavelmente das pessoas mais generosas que conheço e, possivelmente, a pessoa em cujo bom coração acredito mais), coisas evidentes (poucas pessoas fazem os outros sentirem-se tão especiais, poucas pessoas têm tantos e tão bons amigos ou desenham tão boas bandas desenhadas, pelo menos as que eu conheço). Mas no fundo, e por muito que as palavras nunca possam ser poucas, podem ser simples, como as boas ideias, ou até como a minha Flecha: eu gosto dela e tenho saudades. Less is more.

quinta-feira, abril 08, 2010

O Sabor da Fome (III)

Não vamos falar da Páscoa.

quarta-feira, março 31, 2010

O Sabor da Fome (II)

Coisas úteis que eu fantasio fazer hoje à tarde:
- Beber água;
- Ver equivalências entre tabelas de dispêndio de calorias e valor calórico de certos alimentos, com um certo receio de concluir que tenho de correr 50 km para comer um croissant.